Puros & Vinhos

segunda-feira, fevereiro 01, 2010

1ª Prova á Quinta de 2010


Para a primeira prova á Quinta de 2010 tivemos o prazer de ter um convidado especial, o jovem enólogo João Pedro Passarinho, enólogo residente da Quinta da Casaboa situada em Runa.

Desta vez a prova realizou-se no novo espaço lougue em Vila franca de Xira chamado "Soho". De momento só está aberto aos Sábados onde se poderá ouvir boa musica e estar com gente gira.

Nunca é demais frisar que é uma prova cega, onde cada um dos participantes entrega uma garrafa totalmente tapada.

Vou comentar os vinhos pela ordem de saída:

Wiltinger Braunfelds Riesling 2008 (Alemanha/Branco/Riesling/11,5º)- Cor amarelo clara, a apontar para o amarelo palha. Aroma muito floral, muito fresco, com leves nuances minerais. A fruta também dá o ar de sua graça, numa presença discreta mas elegante.

Boa acidez, palato directo, sem grande complexidade, mas extremamente agradável de beber. Mineral qb, tem um fim de boca médio/curto, sem grandes floreados. É um vinho simpático e alegre, feito com competência, mas a que falta maior profundidade e complexidade. É declaradamente um vinho para um consumo rápido, sem grandes preocupações. Média Final: 14,36

Primeira Paixão Verdelho 2008 (Madeira/Branco/Verdelho/12,50) - Cor amarela dourada, sem ser demasiado pronunciada, uma cor linda que desperta curiosidade imediata. Aroma com forte presença vegetal, notas claras de barrica, algum fumado, presença explícita de fruta cozida e fruta em calda, sem no entanto insinuar qualquer tipo de doçura. Pêra cozida, alperce em calda, ervilhas, urtigas, é um branco deveras original e apelativo. Estruturado, cheio, denso sem nunca ser viscoso, confirma por inteiro aquilo que o nariz sugeria. Seco, cristalino na acidez, temos um vinho de guarda, um branco diferente que nos revela qualidades e virtudes inesperadas. Não será um branco consensual, não tem fruta fácil e evidente, não tem aromas tropicais, mas tem "raça"! Média final: 14,45

Rubrica 2008 (Alentejo/Tinto/14º/12€) - Nariz simples, com o aroma a cereja envolvido em sensações de lavagem de lagar. Na boca, a percepção de corpo médio confere-lhe uma entrada envolvente. Com a evolução emagrece ligeiramente, terminando curto/moderado, com estrutura leve, acidez agradável e sabores frutados. Um vinho correcto que se bebe despreocupadamente.Média Final: 13,95

Ponte das Canas 2006 (Alentejo/14,5º) - Nariz com fruto preto, especiarias, baunilha e carvalho, indicando que a madeira marca um pouco o aroma. Na boca, a sua espessura é evidente, conferindo-lhe um carácter encorpado. A acidez não evita que, ao longo da prova, o vinho se torne ligeiramente pesado, não conseguindo equilibrar bem a concentração de sabores a fruta, madeira e couro. A envolvência aromática ressente-se e é moderada. O pós-boca é longo, ajudado por taninos abundantes e bem misturados na fruta. Média Final: 14,50

Duorum Reserva Vinhas Velhas 2007 (Douro/Tinto/13,5º/23,5€) - Começando logo pelo impacto visual, pela cor púrpura retinta, quase preta, intensa, com bordos violetas muito escuros. É logo um começo impressionante. O aroma é denso, espesso, carregado, pastoso, sugerindo de imediato um vinho profundo e misterioso. Sente-se muito ligeiramente a madeira, mas sem sobressaltos. Maduro, imensamente frutado, com fruta rica, carnosa, complexa, sempre equilibrada e com alguma tensão. O ataque na boca é excelente, poderoso mas contido, contundente mas preciso. Belíssima acidez, tem um recorte, uma moldura mineral, muito elegante, "fresca" e intensa. Taninos musculados, maciços, mas superiormente integrados na estrutura do vinho. Está gordo, carnudo, é está cheio de potencial para ainda crescer .Média Final : 15,85

Paralelo 8 super Premium 2008 (Brasil/Tinto/ Cabernet S.; Syrah; Alicante B.; TN e Aragonês/13,5º/18€) este vinho feito no Brasil pela Dão Sul, não deixou saudades a ninguém. Não sei se foi da primeira ou da segunda colheita. O que é certo é que o vinho ou estava adulterado com a viagem ou tinha defeito, ou realmente não foi do agrado de ninguém. Média Final: 11,94


Premiat Feteasca Neagra 2005 (Roménia/Tinto/1Feteasca Neagra/11º) – Esta foi a curiosidade da noite, um dos participantes presenteou-nos com um vinho diferente de uma zona diferente e uma casta também diferente. Apesar da curiosidade o vinho não deixou saudades a ninguém. Valeu pela experiência .Média Final: 11,13


Montes Ermos Grande reserva 2007 (Douro/Tinto/14º/10€) - Aroma curioso, com muita groselha e mirtilos, bem como um toque canforado que lhe confere personalidade original. Delicado no aroma, apesar de se perceber a madeira, esta não caustica as narinas, nem se sobrepõe aos delicados frutos vermelhos. A madeira está mais intensa e perceptível na boca, o vinho está menos delicado e mais directo e surge alguma secura final. Estrutura média, está mesmo na fronteira da agressividade da secura do famoso tanino português, mostrando final de intensidade média. Não me parece ser um vinho de guarda, devendo ser consumido num prazo de três a quatro anos Média Final: 15,44

Quinta da Pinheira 2001 (Alentejo/Tinto/13º) - Aromas terrosos e ténues recordações de ervas secas. Acidez viva, boca leve e suave, é um vinho ao arrepio das tendências actuais. A fruta resume-se a passa, parecendo quando estamos a ouvir as doze badaladas de qualquer ano novo e a mastigar doze passas seguidas. O estilo é clássico elevado ao extremo... e no entanto o resultado final não é descabido e o vinho mostra ter personalidade. Para os apreciadores dos clássicos, de preferência a acompanhar uma refeição regional. Média Final: 12

Quinta do Alcube Reserva 2005 (Terras do Sado/Tinto/Castelão/14,5º) - Nariz de tendência vegetal. Nuances florais, na companhia de lagar, surgem por detrás. Na boca é equilibrado, discreto, centrado nos sabores a fruta que nos conduzem para um final de boca moderado, composto no corpo, suave nos sabores. Média Final: 14,35


Clio 2007(Jumilla-Espanha/Tinto/Monastrell e Cabernet S./15º/38€) -Cor grenat muito intensa, do mais opaco e profundo que tive oportunidade de observar. Aspecto denso, compacto, cerrado, maciço, a deixar adivinhar um vinho muito concentrado e potente. Mostra aromas de fruta muito madura, amoras, cassis, cereja, ameixa preta.Notam-se aromas alicorados em profusão, especiarias e notas subtis da tosta da madeira. Ainda nas profundezas, mas já presentes, encontram-se leves notas minerais e pequenas sugestões balsâmicas. Um nariz forte, intenso, tal como a cor já sugeria... A boca não esconde a sua origem de terra quente, embora consiga manter todos os componentes em equilíbrio e harmonia. É um vinho que impressiona pela dimensão e pela potência, sendo contundente na estrutura. É amplo, com corpo médio/cheio, com taninos maduros e fortes e com um evidente predomínio da componente frutada sobre as restantes. Com boa acidez que contrabalança a doçura, é sem dúvida um vinho muito guloso e atraente. Final longo e concentrado Média Final:17,15

O nosso convidado especial presenteou-nos com o seu topo de gama da quinta a Casaboa (este vinho não foi provado em prova cega):

Casaboa Reserva Homenagem 2005 (Estremadura/Tinto/ Touriga Nacional/14º/20€) - Nariz complexo, de qualidade superior, um bocado fechado. Emana cereja e ginga,, no limite da concentração aprazível. A baunilha e as especiarias cobrem aromas a fruta. O conjunto é avivado por uma frescura indispensável, sóbria, que não retira protagonismo ao fruto. Um ramo de violetas surge, por vezes, para desafiar a nossa imaginação, num conjunto que conseguiu um equilíbrio notável da fruta. Na boca, sabores frescos a fruta, de concentração equilibrada, percorrem as paredes do palato de forma gulosa e distinta. Os taninos, envolvidos nesta estrutura, colam-se às paredes do palato, conferindo profundidade e longa persistência de sabores a cereja, ginga e leve madeira. A acidez enaltece o conjunto, acabando por polir um final de boca distinto, equilibrado e sedoso. Tal como no nariz, a prova de boca consegue um equilíbrio notável da fruta. Média Final: 16,10

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