Puros & Vinhos

terça-feira, setembro 15, 2009

O jovem “Moutard” “Antonino Izquierdo” visitou o “Château” de “Todão”

Deixo aqui as notas de prova de um jantar familiar:

Moutard Pere et Fils Prestige Rosé (Champagne/França)- Esboçando ligeiros tons acobreados e algum âmbar. Bolha fina e persistente. Aroma expressivo e exuberante, um vivaço. Numa primeira fase revela traços de bagas silvestres, com particular relevo para a groselha e framboesa, a que mais tarde se junta morangos. Numa fase mais avançada, surgem intrigantes sugestões de rebuçado. Mousse abundante, rico na boca, expressivo e falador. Acidez qb, solta sensações contraditórias, por vezes peculiares, sempre originais e pouco comuns. Recorda tomate pela acidez, romã pelo aroma, morango no fim de boca, e sobretudo, muito, muito dióspiro pela prova de boca. Nada de dióspiros madurões, mas sim o dióspiro ainda na fase inicial de maturação, na conversão de fruta verde para madura. Final de boca elegante, sedoso. Fiquei fã deste Champagne. Nota: 17,50 Preço: 31€


Château Haut-Brion 1979 (Bordeus/França) – Apresentou-se com uma cor moderada, com ligeira evolução nos bordos. Neste Bordeaux sobressai superior sensação terrosa. Este vinho não esconde nem renega as suas origens, bem antes pelo contrário, é como que uma fotografia, uma chapa do lugar onde nasceu. O terroir é respeitado e o trabalho na adega respeitou aquilo que a natureza providenciou. Mas a fruta não foi negligenciada, uma fruta discreta, pouco exuberante, quase monástica, com leves sugestões a groselha que se alia aos aromas originais de erva seca. Aromaticamente este Château revela-se um desafio e uma caixinha de surpresas para o nariz mais apurado. A boca é complexa, terrosa, rica, muito limpa e transparente. Não é particularmente longa, mas é de uma extraordinária elegância e harmonia. O vinho é elegante e apresentou-se em excelente forma para os seus 30 anos. Todo ele é evocativo das práticas do chamado velho mundo, da elegância, da finesse, da mestria no tratamento da madeira e na integração alcoólica. Um óptimo vinho .Nota: 17


Antonino Izquierdo Vindimia Seleccionada 2006 (Ribera del Duero/Espanha)- Esta é a segunda colheita deste produtor, conhecido por ser um seguidor da agricultura biodinâmica. No primeiro contacto olfactivo surgem os aromas potentes e complexos, onde se destacam as fortes notas minerais e balsâmicas, as especiarias, baunilha. Depois entra em cena a fruta, ampla e opulenta, muito concentrada, madura, muita cereja, ameixa, ameixa confitada, amora, mirtilos, uma fruta franca, generosa e muito elegante. Mas há mais, as notas de madeira exótica, cedro e acácia, chocolate, notas licorosas, cogumelos, um mundo de cheiros que entusiasma e nos deixa apaixonados pela fragrância aromática que se liberta do copo. Potente, equilibrado, amplo e elegante, concentrado, mostra uma boa combinação entre potência e suavidade. Levemente doce, taninos possantes, encorpado, rico, revela enorme concentração de fruta preta, bem acompanhado pela acidez discreta mas potenciadora da frescura deste Ribera. Final muito longo, carnudo, é um vinho de hipérboles que apesar da dimensão nunca cai no disparate ou no exagero. Um vinho que dá enorme prazer beber e que embora dando enorme prazer agora, deve ser guardado para começar a ser aberto daqui a algum tempo. Nota:18 Preço: 40€


Quinta do Todão Melhores Vinhas Reserva 2006 (Douro)- Cor vermelha retinta, sem exageros de coloração, mas aparentando grande concentração, cor cerrada, compacta, densa, profunda. Digamos que é um bom prenúncio do que vem a seguir. É excelente a concentração de fruta de muito bom recorte. Fruta preta e vermelha, intensa, de extraordinária elegância e graciosidade. Bela integração alcoólica, sem pontas a descoberto. Madeira de boa qualidade, bem integrada na estrutura do vinho. Muito elegante na boca, rendilhado, proporcionado, harmonioso, tem tudo no sitio certo. É um modelo de finura, de bom gosto, de equilíbrio. Confirma a fruta distinta, e mostra que tem taninos possantes, mas muito bem comportados, bem "domesticados" e a obedecer ao dono. Longo fim de boca, ajudado pela acidez fina, mas discreta. Muito agradável o toque mineral que se sente na retaguarda. Demonstrando que um bom vinho é elegante desde o inicio, mas ainda tem potencialidades para evoluir consideravelmente no futuro. Nota: 17 Preço: 25€

sexta-feira, setembro 11, 2009

Prova á Quinta Pós-Férias

Vale Pradinhos Branco 2008 (Trás-os-Montes) - Cor amarela palha, muito clara. Uma explosão, de frescura, fruta e aromas vegetais de tal magnitude que as narinas tremeram do impacto! O perfume é inebriante, empolgante, estonteante e as ondas de impacto ressoam pelo copo. O maracujá pulsa, a erva parece acabada de cortar, a lima acabada de espremer, enfim, o panorama é viciante e damos conta que levamos o copo uma vez mais ao nariz, e outra, e outra, e outra, sem conseguir parar. A vastidão da fruta, a imensidão e a intensidade de aromas eventualmente não são deste planeta. Tudo bem, não é subtil, não é discreto, é espampanante e guloso. Média:16,75

Monte Cruz Antão Vaz 2008 Br (Alentejo/Portel)-Embora o nariz não seja muito comunicativo, descobrem-se notas minerais agradáveis, abundante fruta citrina com predominância de limão, um fundo de alfazema, tudo imagens aromáticas que nos transmitem visões de amendoeiras em flor... numa paisagem alpina! Na boca é a maçã Granny Smith que comanda, muita maçã verde num vinho austero e seco no final, com um belo comprimento de boca. Uma junção curiosa entre potência, estrutura, secura e finura no mesmo copo. Média Final: 16

Esporão Reserva 2007 Br (Alentejo) - Cor cristalina. Nariz fresco, vegetal, com apontamentos que sugerem uma salada de fruta. Leve madeira confere-lhe estrutura. Na boca entra amplo e fresco, evoluindo de forma equilibrada e directa para um final moderado, de complexidade média e acidez vincada. Apesar de não existir muita profundidade de sabores, onde predomina o vegetal, o conjunto consegue rasgos de prazer e frescura. Média:15

Quinta do Crasto Reserva Vinhas Velhas 2003 Tn (Douro) - Granada baço com média concentração e apontamentos violáceos no bordo. Início pouco expressivo com um aroma difuso a mostrar lenho, notas vegetais pouco pronunciadas, algum rebuçado de morango e uma vaga sensação a madeira húmida. Só com o arejamento as coisas mudam de figura: sobressai a fruta vermelha -morango, framboesa e groselha-, discreta violeta, apontamento terroso, vinco tostado e pontas adoçicadas que lhe dão um toque caramelizado. Macio, embora modesto no corpo, com a acidez a proporcionar um ataque redondo e relativamente fresco. Sem desequilíbrios, mas muito linear no palato, acusando alguma diluição de sabores e com a marca do lenho a envolver o fruto. Despede-se com correcção, deixando a marca de um tanino miúdo a envolver as notas de framboesa. Tudo certinho, arranjadinho e muito compostinho. E, contas feitas, não será completamente descabido falar em delicadeza porque o vinho arrasta consigo uma óbvia "costela" feminina. Pena a vulgaridade da estrutura, não se descortinando forma de lhe prolongar a vida em garrafa. Média:15,75

Quinta das Marias Touriga nacional Reserva Tn (Dão) - Nariz complexo, de qualidade superior, um bocado fechado. Emana cereja e ginga,, no limite da concentração aprazível. A baunilha e as especiarias cobrem aromas a fruta. O conjunto é avivado por uma frescura indispensável, sóbria, que não retira protagonismo ao fruto. Um ramo de violetas surge, por vezes, para desafiar a nossa imaginação, num conjunto que conseguiu um equilíbrio notável da fruta. Na boca, sabores frescos a fruta, de concentração equilibrada, percorrem as paredes do palato de forma gulosa e distinta. Os taninos, envolvidos nesta estrutura, colam-se às paredes do palato, conferindo profundidade e longa persistência de sabores a cereja, ginga e leve madeira. A acidez enaltece o conjunto, acabando por polir um final de boca distinto, equilibrado e sedoso. Tal como no nariz, a prova de boca consegue um equilíbrio notável da fruta. Média:16,87

Monte Cruz Syrah 2006 Tn (Alentejo) - Mostra cor rubi de concentração mediana, aromas a apontar para a fruta madura e doce, um toque de vegetal seco e uma pincelada de pimenta branca. Corpo franzino, confirma a mensagem transmitida pelo nariz, com fruta doce, simples e sincera, mostrando um final de intensidade e comprimento mediano. Taninos ligeiros, temos um tinto muito leve que precisa engordar em futuras edições.Média:16,12

Herdade dos Grous 23 Barricas 2007 (Alentejo) - Tonalidade rubi concentrada a suportar um aroma rico e poderoso onde o álcool aparece bem integrado. Início marcado pelas notas de canela e noz moscada. Sugestões de cedro a conferir algum exotismo a um conjunto onde a fruta macerada -ameixa, cereja e amora- se mistura com as especiarias. Impressivo na entrada, encorpado mas não pesado, e munido de uma acidez suficiente para que a doçura frutada não se torne enjoativa. Muito bem doseado na extracção. Taninos persistentes, mas muito polidos, a ampararem o fruto e as sensações tostadas no final. Eu gostava de ter encontrado maior persistência final.Média:16,5

Falcoaria Reserva 2007 Tn (Ribatejo) - A madeira dá suporte a aromas de frutos vermelhos, florais e vegetais. Na boca o vinho está austero. Os taninos conferem uma secura que encobre os sabores da fruta. O vinho tem corpo médio/cheio. O comprimento no palato é moderado, e o final de boca é médio/longo. A acidez é elevada e promete um bom futuro para o vinho.Média:15,87



Finca Sandoval 2006 (Manchuela/Espanha)-. Este Finca Sandoval apresenta cor grenat muito intensa, do mais opaco e profundo que tive oportunidade de observar. Aspecto denso, compacto, cerrado, maciço, a deixar adivinhar um vinho muito concentrado e potente. Mostra aromas de fruta muito madura, amoras, cassis, cereja, ameixa preta e mesmo uva passa. A boca não esconde a sua origem de terra quente, embora consiga manter todos os componentes em equilíbrio e harmonia. É um vinho que impressiona pela dimensão e pela potência, sendo contundente na estrutura. É amplo, com corpo cheio, com taninos maduros e fortes e com um evidente predomínio da componente frutada sobre as restantes. Com boa acidez que contrabalança a doçura, é sem dúvida um vinho muito guloso e atraente. Final longo e concentrado. Média: 17

quinta-feira, setembro 03, 2009

Gravato Touriga nacional 2006

Gravato Touriga Nacional 2006 (DOC Beira Interior) - Se é um daqueles que bebe rótulos, este vinho decididamente se visse na prateleira não o comprava. Mas naquilo que interessa, que é o conteúdo este tinto tem uma cor cheia que nos espanta pela potência, intensidade e harmonia dos primeiros aromas. O lado floral brilha, com a violeta a predominar. Ameixa preta, figo, amora, tudo aponta para a frescura e intensidade aromática. Taninos domados, fortes mas domados, acidez refrescante, a fruta entra em cena sem descambar para o facilitismo da doçura. Um bom vinho com preço justo.
Preço:12€
Nota:16,50

purosevinhos@gmail.com

<