Puros & Vinhos

sexta-feira, maio 15, 2009

Finca Sandoval Cuvée TNS 2006 Magnum

Acabo de receber esta garrafinha que teria todo o gosto em partilhar com os meus amigos.

purosevinhos@gmail.com

quinta-feira, maio 14, 2009

Uma lufada Primaveril, pelo Chef Henrique Mouro

No tributo à Matilde e ao Martim...

Como chegàmos um pouco mais cedo, o Rogério e eu estàvamos à conversa com o Chef Henrique, quando nos propôs provar uma pequena flôr, com pequeninas pétalas amarelas e brancas. Mastigação efectuada e lá concluimos tratar-se de mostarda, mas daquela verdadeira de travo amargo pronunciado, qual mostarda de Dijon.

Confidenciou-nos então que esta é uma das várias flores que nesta estação, usa na sua gastronomia e que são tão silvestres quanto regionais.

Degustado o gin tónico, enquanto iam chegando todos os outros companheiros, fomo-nos preparando para o Ruinart, que já vem sendo o nosso habitual primeiro vinho.

Este oferecido pelo Mário João, que para afastar as prenunciadas mágoas da jornada futebolistica, vinha "equipado" com um pólo verde de muita esperança.

A abertura deu-se com umas "Ostras num leite-creme queimado com rebentos e saté".

Grande abertura, embora não sendo exultante de aromas e sabor a sua delicadeza emprestava um excelente emparelhamento ao Ruinart que ainda restava e uma boa saudação aos brancos que já se aprumavam.

Eu apreciei especialmente neste prato a contrastante textura da ostra panada.

É verdade que se perde um pouco da frescura da ostra degustada ao natural, mas o leite creme contribuiu e muito bem com uma agradável frescura adicional e original.

O prato que se seguiu é um bom exemplo de regionalidade e sazonalidade.

"Sável fumado, as ovas e azeitonas numa saladinha"

O sável, em Vila Franca anuncia a Primavera, já que vem em Março e faz parte intrinseca da cultura gastonómica desta cidade.

Um fino filete de sável (sem espinhas!!!) fumado, emulsionado com as suas próprias ovas e temperado com flores primaveris e azeitonas. Aqui o Chef foi claro na necessidade de mastigar conjuntamente todo o preparado para que as flores exercessem a sua função, de tempero desta salada.

Um prato moderno actual num empratamento perfeito a exultar a cultura gastronómica regional.

Esta é uma clara interpretação moderna e pessoal de um prato regional.

Se até aqui já se ouviam comentários mais ou menos generalizados de apreço pelos pratos, o aplauso mais consensual da noite deu-se com o "Robalo com manteiga de amendoim, batata-doce e pezinhos".

A degustação do peixe em si mesmo resultou no comentário geral de "grande prato".

De facto o que impressionou foi a frescura e sabor delicado deste Robalo em conjugação perfeita com a emulsão aromática que o acompanhava. O toque adocicado do puré de batata doce a complementar na perfeição.

Nada a acrescentar, bom talvez – quero mais -...

om este Robalo, terminávamos também os 3 excelentes vinhos brancos que bebemos neste jantar.

A prenunciar as carnes que se avizinhavam, uma "Sardinha assada com queijo de cabra e morangos", deu aso à melhor "maridagem"da noite (minha opinião), sendo o referido "marido" o primeiro tinto o D'Aremberg dead Arm 2005 TT.

O prato em si só não foi dos mais elogiados, já que (pelo que mais tarde percebi) faltaram a este prato as instruções de como o comer, quero dizer este prato deveria ter sido comido de acordo com uma sequência bem precisa (instruções do Chef), mas com toda a animação já existente,acabámos por não cumprir.

Embora a sardinha, os morangos e o queijo de cabra sejam bem nacionais, o seu empratamento e apresentação levou-me até Espanha.

O pão crocante a fazer lembrar uma boa tostada, sendo o vermelho do tomate de barrar sobre o pão, aqui substituido pelo vermelho dos saborosos morangos, mais um toque de Primavera...

Após a fase inicial mais contida, que estranhei, agora com as almas já aquecidas e mais reconfortadas, a jornada futebolistica a dominar a conversa a par das primeiras impressões dos primeiros 3 tintos.

Excelentes vinhos, mas a curiosidade e maior surpresa da noite revelou-se pelo menos para mim, devo confessá-lo, nos dois primeiro vinhos tintos, no que respeita às castas constituintes de cada um deles...

Voltando aos pratos.

Continuàmos os nossos tintos com um, "Entrecosto assado com favinhas e rama de alho".Prato correcto, mas que me pareceu ter sido senão o menos consensual, talvez aquele que teve menor aplauso geral. Eu destaco as favinhas, como o próprio nome indica, vagens ainda jovens e delicadas, comidas inteiras com sua casca.

O último dos pratos com que terminámos os tintos foi outro original e grande momento gastronómico, "Lombinho de porco bísaro com arroz de caracóis, túberas Cenoura, ervilhas e beterraba", um naco de porco bísaro de qualidade e cozedura irrepreensíveis a trazer o cheiro ao verão que se aproxima, através dos caracois de um arroz de legumes frescos de sabor original e que muito bem emparelhou com esta magnifica carne.

A maior originalidade da noite foi, para mim, a sobremesa, "Ervilhas, cenoura e beterraba", mais especificamente gelado de ervilha sobre bolinho de cenoura e amêndoa com compota de beterraba.

A mim provocou-me um efeito "purificador".

Menos doce do que uma sobremesa tradicional, mantendo contudo a frescura vegetal dos seus vários ingredientes, foi o contra-peso perfeito para os "excessos" dos pratos anteriores

Magnifico final de refeição

Ainda sobre o gelado de ervilha, atrever-me-ia a propôr ao Chef Henrique Mouro a utilização desta bola de gelado de ervilha, como "limpa palato" em Menus de Degustação, como alternativa aos tradicionais limão e tangerina.
A acompanhar esta sobremesa, um moscatel muito original, que foi mais um dos triunfadores da noite ao conquistar mais um aplauso geral.
Um pós-refeição perfeito, um sublime Monte Cristo Sublime, acompanhado por um muito bom rum.
Foi mais uma memorável refeição, com os meus destaques pessoais a serem, a ostra panada com seu leite-creme, o suculento robalo, o campestre arroz de caracóis e o fresco gelado de ervilha.

Dos vinhos a habitual crónica do Sr. Luis Diniz, eu direi apenas que a classificação mais baixa que dei foram 17 valores, tendo ficado arrebatado pelo fantástico El Nido.

Os meus agradecimentos,ao Chef Henrique Mouro e a toda a equipe do restaurante Club.

ao Presidente e ao Mário João, pelos magnificos vinhos que nos proporcionaram.

ao Sr. Mário Duarte e David pelos sublimesa

os restantes companheiros, por mais uma magnifica noite de convivio e partilha.




António Amaro

terça-feira, maio 12, 2009

Tributo á Matilde e ao Martim III


Pela terceira vez resolvi convidar os meus amigos para estarem presentes num jantar de tributo á Matilde e ao Martim. Como sempre tento apresentar um leque de vinhos de excelência que adquiro durante um ano propositadamente para os apresentar neste evento.

Este jantar realizou-se no restaurante Club em Vila Franca de Xira, onde fomos presenteados por um esmerado jantar de degustação elaborado pelo Chef Henrique Mouro.

Antes do jantar brindamos á saúde de todos os presentes e famílias com o Champagne de eleição, Ruinart Banc des Blancs oferecido pelo Mário João, especialmente para este evento.

Para o inicio da refeição passámos á prova cega de brancos, desta vez resolvi decantar os vinhos brancos imediatamente antes de os servir. Houve alguns dos presentes que estranharam o porquê de decantar os vinhos brancos. A razão que dei foi que tinha lido algures, que vinhos que estagiaram em madeira e que se considerem encorpados podiam mostrar outras características se fossem decantados. A prova revelou-nos que essas premissas estavam correctas, os vinhos foram evoluindo com o tempo em copo e com o baixar da temperatura.

Quanto aos vinhos as considerações foram as seguintes:

Improvisació 2007 Br
(Região: Penedés/Espanha, Casta: Xarel.lo, Teor alcoólico: 13º, Productor: Cas Raspallet Viticultors, Preço:21€, Produção: 610 garrafas)

Bebemos a nº170 das 610 garrafas produzidas. Apresentou-se num amarelo com suaves tonalidades douradas. Nariz muito envolvente dada a profundidade e complexidade aromáticas, mas, sobretudo, pela originalidade de estilo. Um aroma vigoroso, sem ser pesado, a sugerir notas de fruta cristalizada, fruta cozida, chá, jasmim, menta e frutos secos. Uma verdadeira encruzilhada de sugestões aromáticas, envoltas pelas nunces tostadas, que tornam difícil, mas ao mesmo tempo estimulante, o papel do provador. Continua sedutor no palato: corpo mediano, evolução fresca a confirmar o primeiro nariz e um final com média persistência. Uma casta com potencialidades e que, acreditamos, permitirá oferecer aos consumidores vinhos de muito bom nível. Média: 16,30

Guru 2007 Br (Região: douro, Castas: Viosinho, Gouveio, Rabigato e Códega, Teor alcoólico:12,5º, Enólogos: Sandra Tavares e Jorge Serôdio Borges, Preço:25€)

Cor amarelo ouro claro. Basta levar o copo ao nariz pela primeira vez para logo a boca se abrir de espanto face a tamanha concentração, complexidade e intensidade. Devemos começar pela fruta, pela maçã madura, pela pêra generosa e pelos pormenores suaves do pêssego. Não nos podemos esquecer de mencionar as suaves notas melosas, o perfume do caramelo. Finalmente, não podemos passar ao lado do assombroso lado floral, um jardim na graça da primavera a iluminar e a alegrar as narinas.
Intenso, mineral, este branco cobre o palato de fruta branca, numa explosão mista de fruta e pedra capaz de devolver a vida a um morto! Estruturado, relativamente gordo, a acidez não dá um segundo de tréguas, mantendo-o sempre em forma, estaladiço e objectivo. É um vinho de enorme complexidade, rico, equilibrado e com um longo e poderoso final de boca que convence os mais cépticos. Média: 16,75

Maritávora Reserva 2007 Br (Região: Douro, Castas: Códega de larindo, Viosinho, rabigato, malvasia e outras, Teor alcoólico: 13º, Enólogo: Jorge serôdio Borges, Preço: 27€, Produção: + 2000 garrafas)

Apresenta-se na cor amarelo palha carregado, quase na transição para o amarelo ouro.
O aroma está bastante fresco, muito leve, gracioso e perfumado. Transmite a imagem de um campo coberto de flores. Mas logo de imediato somos despertados para a presença da casca de pêssego. As marcas de fumo não são imediatas, mas após alguns volteios mais violentos do copo, elas aparecem e permanecem por algum tempo, associados a tosta e um pouco de caramelo. Mas sem intensidade suficiente para mascarar os outros aromas delicados, apenas um complemento.
Está macio e sedoso, glicerinado, muito suave, com acidez diminuta mas suficiente para enquadrar o vinho. No conjunto temos um branco muito harmonioso e perfumado. Média: 16,15

Em resumo foi uma excelente prova de vinhos brancos, onde nenhum dos vinhos sobressaiu. Uma curiosidade foram os dois vinhos do Douro terem como enólogo Jorge Serôdio Borges, mas com perfis muito diferentes, no Guru nota-se a mão feminina de Sandra Tavares tanto no aroma (exuvberante) como na prova de boca (sedutor e elegante), este foi o melhor branco que provei do ano de 2007.

Passámos então á prova cega de tintos, que foram chegando pela seguinte ordem:

D'Aremberg Dead Arm 2005 TT
(região: McLaren valley/Austrália, Casta : syrah, Teor alcoólico: 14,5; Enólogo: Chester D'Aremberg Osborn, Preço: 40€)

Uma das curiosidades deste vinho é a sua proveniência, Dead Arm é o nome dado a uma doença causada na videira pelo fungo Eutypa Lata que gradualmente mata um dos galhos da planta. A parte sobrevivente, porém, recebe toda a dedicação e nutrientes e produz frutos altamente saborosos e concentrados. O vinho é produzido somente com uvas de plantas afectadas pela doença. Mostra aromas complexos de ginga, amora, especiarias, chocolate preto, tabaco, enfim uma panóplia de aromas impressionante. Antevê-se uma certa doçura no nariz, quase licor, com fruta muito madura mas com uma impressão de acidez revigorante. O que nesta fase não é nada discreta é a presença de madeira, fortíssima, intensa, indisfarçável (estágio de 21 meses em barricas nova de carvalho francês e americano)l.
Ameixa preta madura e pimenta moída de fresco, são as primeiras sensações transmitidas ao palato na prova de boca. Os taninos são do tipo macho, fortes, assertivos, intensos, quase aterradores. Com o arejamento, os taninos suavizam um pouco, a cor perde alguma da sua potência e o vinho mostra-se mais "educado". Apesar da ligeira sensação de doçura transmitida pela fruta muito madura, a acidez penetrante devolve-lhe elegância, frescura e equilíbrio. A madeira de carvalho, a fruta madura e a acidez pronunciada travam uma curiosa batalha pelo domínio do palato num final de boca impressionante e extraordinariamente prolongado.Média:17,35

El Nido 2006 TT ( Região: Jumilla/Espanha, Castas: 70%cabernet Sauvignon e 30% Monastrell, Teor alcoólico: 15,5º; Enólogo: Cris Ringland (Australiano), Preço: 100€)

De cair para o lado! Enorme na concentração, completamente opaco, com tons violáceos no bordo. O "primeiro nariz" remete-nos para um vinho do novo mundo talvez um syrah australiano, estava enganado. Isto só comprova que não percebo nada disto. A evolução no copo aumenta a versatilidade do conjunto e as notas de fruto preto e chocolate surgem entrosadas com nuances balsâmicas e especiadas. Pura e simplesmente divinal na boca: cheio, muito encorpado, pastoso, com uma robustez tânica para 20 anos e um final absolutamente estonteante. Está lá tudo: a potência e o fulgor, o equilíbrio e a harmonia, num estilo raro e absolutamente esmagador. Perfeito. Como se o vinho servisse de anestésico ... e plenitude fosse a palavra de ordem. Renda-se ao que de melhor este mundo tem para dar... em Cabernet, ou noutra coisa qualquer! E, não se admire se, ao beber isto, julgar que entrou na "twilight zone". Entrou mesmo. Pergunto-me quantas vezes na vida voltarei a sentir as mesmas sensações ao provar um vinho? Inesquecível... e de um campeonato completamente à parte! Média:18,15


Abandonado 2005 TT (Região: Douro; Castas: Lote de castas típicas do Douro; Teor alcoólico:14,5; Enólogo: Domingos Alves de Sousa, Preço: 65€)

Este vinho foi considerado pelo critico Parker como o melhor vinho português provado neste na, tendo obtido 94 Pts. E todos sabem que quando este senhor põe um selo de qualidade em qualquer vinho o preço dispara, por isso se o vinho chegou ao mercado a cerca de 60€ depressa chegará aos 100€.

Vamos mas é ao que interessa, o vinho. Apresenta-se de cor opaca, quase impenetrável, esconde-se um vinho encantador, um tinto que desvenda notas suaves de cereja, ginga e ameixa, para logo se abalançar para os florais. Todo ele é suavidade e delicadeza, desde os taninos polidos mas encorpados, passando pela acidez muito bem integrada, terminando na estrutura pujante mas harmoniosa. O trinómio corpo/taninos/acidez aliado à fruta, oferece-nos um vinho carregado de personalidade. Média: 17.20


Avó Sabica 2004 TT (Região: Alentejo; castas: Trincadeira, Aragonês, Cabernet sauvignon e Alicante bouchet; Teor Alcólico: 15º, Produtor: Casa Agricola Santana Ramalho, Preço:48€)

Apresenta-se num lindo robe violeta escuro. A pureza e sensualidade da fruta alentejana estão dentro do copo, vincadas pela personalidade da ameixa e casca de laranja. As especiarias surgem por detrás deixando rasto a baunilha e noz moscada, tudo avivado por uma frescura notável, equilibrada. Na boca mostra raça, estrutura, equilíbrio respeitável para quem tem 15º de corpo. Termina longo, fresco, vivo, com persistência de sabores a madeira, fruta e especiarias. Os taninos polidos, domesticados, cooperam com a acidez dando profundidade ao corpo no final de boca. Um conjunto imediato, apetecível. Média:17,65

Com a sobremesa bebemos um moscatel de Alejandria da região de Málaga, que não deixou ninguém indiferente.

Jorge Ordoñes & Co Nº2 Victória 2005 Blanco naturalmente Dulce
(Região: Malaga; Casta: Moscatel de Alejandria; Teor Alcoólico: 13º; Preço:31€; Enólogo: Alois Kracher)

Victória vem da selecção de vinhas velhas situadas no ponto mais altos do município de Almárchar. A colheita é feita manualmente em meados de Agosto. A fermentação é feita na sua totalidade em depósitos de aço inóxidavel, como é característico nestes vinhos. O seu álcool vem exclusivamente da fermentação da uva. Não nos podemos esquecer que é elaborado pelo senhor dos senhores dos vinhos doces austríacos Kracher.

Se isto é o segmento baixo, resta-nos apenas suspirar e sonhar com a gama alta (Essência), que essa, não deve ser para meros mortais! A primeira "bofetada" que nos atinge, é a dimensão da fruta exótica, de toda a luxúria que representa. Fruta muito madura, quase decadente, fruta que se situa num ponto intermédio entre o barroco e o surrealismo. Logo em seguida surgem em catadupla o mel, a compota, o pêssego, alperce, o melão, os aromas.
A boca apenas confirma o que já esperávamos, uma suave doçura apoiada num acidez intensa, o pêssego a dominar e o álcool a nem se notar. Não é o vinho mais complexo do mundo na boca, mas é um vinho que gera muitas horas de prazer. Média:18,83

No final fumamos os Puros gentilmente disponibilizados pelo David e pelo Mário Duarte, que tiveram uma excelente maridagem com o Rum Pampero aniversário.

Quanto ao que eu fumei o Montecristo Sublime, veio a confirmar todas as excelentes considerações que eu já fiz referência neste blog, construção perfeita, capa oleosa, bom tiro e excelente combustão. Nota:17

Uma palavra para o excelente repasto proporcionado pelo Chef Henrique Mouro, que tentou e conseguiu conjugar o perfil dos vinhos com a gastronomia. Mais tarde o critico gastronómico o sr António amaro fará aqui a sua exposição sobre a os elementos gastronómicos degustados neste jantar.

Muito obrigado á Angela pela seu profissionalismo e dedicação na arte de bem servir, todos sabem como é difícil este trabalho devido á quantidade de copos envolvido.


Obrigado a todos pela vossa presença.

segunda-feira, maio 11, 2009

Um dos melhores tintos de 2009 até agora...


Almoço de sexta-feira "at home".

"Chanfana da mãe", cozinhada a preceito em recipiente de barro negro e cozedura em forno de lenha.

O único senão é que tendo sido congelada, já tinha perdido alguma exuberância aromática, dos seus principais ingredientes. O louro, alho pimenta e o próprio vinho da cozedura estavam bastante amacidos, pelo tempo e processos de congelação.e descongelação.

Ainda assim não se pretendia uma comezaina, até porque o confrade Rogério tinha um cliente às 16.00h.

A tradicional batata cozida e uma salada verde de multiplas e amargas verduras, alfaces roxa e verde, rucola selvagem em dose extra, folha de ervilha, e mencionava o pacote algumas outras folhas, que contudo não se detectavam com facilidade.

Para acompanhar, um tinto, o Private Selection Tinto 2004, da Herdade do Esporão, com os seus 14,5ºC. Provei-o antecipadamente e como estava quente o seu teor alcoólico estava algo exuberante.

Iniciadas as hostilidades, já com o vinho a uma temperatura mais correcta, as primeiras impressões demonstraram um vinho muito equilibrado com a fruta omnipresente e a madeira correctíssima a equilibrar o conjunto. Em boca corpo médio com taninos presentes mas muito elegantes, frutos vermelhos e compota dos mesmos de muito boa qualidade mas bastante directo, sem um elevado grau de complexidade.

Mantido no frio e já com alguma oxigenação, continuou a proporcionar um enorme prazer. O contacto com o ar exuberou ainda mais o equilibrio entre a boa fruta e a madeira, sem contudo demonstrar maior complexidade.

Em prova cega eu diria tratar-se de um vinho ao estilo Australiano, de boa qualidade.

A minha classificação foram 17.75 valores sobretudo pela elegância, equilibrio e a suavidade de um bom vinho alentejano. Para mim é um vinho que estará numa altura ideal de degustação, porventura mais 2 a 3 anos em garrafa, eu não o deixaria mais.

O pouco que falta para os 18 valores, perde-se no ligeiro desiquilibrio que ostenta assim que a temperatura de prova sobe um pouco, sentem-se os seus 14,5º, que seriam mais bem suportados, com um pouco mais de corpo e maior complexidade.

Quanto à "maridagem" eu diria que foi aceitável, não sendo deslumbrante.

Creio que este prato sobretudo quando acabado de confeccionar, necessita de um oponente mais aguerrido, talvez um bairrada com taninos poderosos, embora eu prefira um Dão daqueles um pouco mais austeros, em que se sintam os seus taninos perfumados pelos aromas florais de uma boa touriga nacional.

Contudo, quando o confrade Bernardo fizer mais destas compras pode contar com mais 2 garrafitas para mim, isto claro com "semelhantes condições comerciais"...

Abraços e até amanhã ao jantar onde concerteza, vou beber o meu melhor tinto de 2009, até à data...

António Amaro

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