Puros & Vinhos

segunda-feira, abril 13, 2009

MARIDAGEM QUASE PERFEITA

Esta é uma sugestão de união, que não é para meninas, no sentido frágil do termos, é antes para homens e mulheres bravos que apreciem sensações fortes, contrastantes mas complementarmente perfeitas.

Pelo tom inicial da prosa, já se deve perceber que à mistura havia vinho de boa qualidade, e em boa quantidade...

A verdade é que muito me agrada, esta maridagem, que só agora descrevo, embora, seja a segunda vez que os junto...

Talvez por isso, agora estou agora mais certo de que não se tratou apenas de uma impressão de primeiro contacto.

Estou a falar de um encontro breve e finito, daqueles que sabemos só irá durar uma noite, ou mais concretamente neste caso, durará o tempo de beber uma garrafa de Valle Pradinhos Branco 2007 e mais meia-hora.

O cromossoma Y desta união de facto, é o mais improvável...

No unico curso de prova de vinhos que fiz, ainda me lembro de quando se falava de comidas (ou comedias, em linguagem de pescador) que não casavam bem com qualquer tipo de vinho, entre as saladas, frutas, ovos, também alguém referiu o caril, como sendo um prato de dificil maridagem com vinho.

Pois eu não concordo de todo. Este encontro romântico, que eu tenho tido a oportunidade de patrocinar, foi como certamente já perceberam entre um caril de camarão e uma garrafa de Valle Pradinho branco 2007.

Pese embora sendo "VINHO", é branco e muito floral e especiado, e porque garrafa é um género feminino, este é o ela deste encontro.

O "Outro" deste encontro, essa mistura, eu diria quase explosiva, que provoca subitas elevações de temperatura e calores internos, é o nosso caril.

Embora eu por temperamento, prefira coisas mais equilibradas, só tinha em casa de momento, o Sharwood's HOT Curry Powder – A taste of India.

Não sendo de todo um especialista de cozinha Indiana, acho este mistura particularmente feliz e de muito boa qualidade, quer nesta versão HOT quer na versão que mais aprecio o "Medium".

O caril que prefiro é o de gambas, e foi por isso que de manhã cedo, no mercado de Benfica, comprei camarões frescos, daqueles que têm sempre uma bolsa cor de laranja bem visível no ínicio da cabeça.

A confecção do meu caril depende muito do que tenho disponível.

Sharwood's Curry Powder, Hot ou Medium.

Gambas, de preferência frescas.

Leite de coco.

Gengibre, maçã, lima, limão laranja, papaia ( esta última combina quase sempre majestosamente bem com gambas).

Para aromatizar no final, caules de coentros cortados muito finamente e para quem goste pimenta rosa esmagada grosseiramente.

Às vezes uns saem melhores, outros mais leves, outros mais HOT HOT, mas enquanto não me acabar o stock,

- quando há caril há Valle Pradinhos branco 2007-.

Estou ao correr destas letras a terminar o que resta desta garrafa.

È fantastico que depois do caril, mistura forte intensa, aromática e persistente, uma generoso golo deste branco, deixa uma sensação quase perfeita.

Primeiro os seus aromas florais intensos e algum toque de especiaria, parecem complementar na perfeição a grande amplitude aromática das especiarias do caril. Depois como no meu caril existem sempre frutas e leite de coco, também esta outra dimensão aromática se une perfeitamente aos aromas deste vinho.

Por fim o corpo e sobretudo a acidez do vinho fazem rapidamente esquecer o sabor da ultima garfada, limpando o palato qual sorbet de tangerina ou limão.

Impõe-se por isso, uma nova gamba, envolta neste multiplicadade de especiarias e fruta, novo gole de Valle Pradinhos, e a boca e os sentidos de novo em êxtase com este complemento e mistura de sabores...

Eu diria que terminado o caril, só interessa mesmo ter a certeza que ainda sobra um ou dois copos deste Valle Pradinhos.

È que nesta fase pós caril, parece que, por sugestão ou não sei, ressaltam agora os aromas mais especiados deste vinho, que bebo e termino agora com um prazer imenso.

Ah! e recomendo que não vale a pena, nao devem mesmo lavar os dentes até uma hora depois de terem terminado a garrafa.

È mesmo crime, apagar os ainda vestígios de todo este festim de aromas, com um sabor mentolado artificial, que sinceramente não tem graça nenhuma.

Boas degustações...

António Amaro

CAVALO MALUCO 2005

Cavalos não são decididamente, o meu forte. Escrever sobre cavalos também não, ainda por cima maluco…Vamos ver o que isto dá.

Crazy Horse, um chefe índio Sioux que ficou conhecido pela sua coragem e paixão a defender o seu povo e pelos quais deu a sua própria vida.

Tendo como intenção homenagear todos os anos uma personalidade, este, o de 2005,tem como homenageado, Luiz da Mota Capitão (Pai do produtor).

É, em minha opinião, um daqueles vinhos que não se esquecem, e de um produtor que já nos habituou a coisas diferentes (como um vinho de uma casta nunca utilizada em Portugal, a Sangiovese).

É um vinho equilibrado aromaticamente, não sendo muito exuberante, mas notando-se perfeitamente, os frutos pretos (amoras, ameixas e framboesa).

Na boca, entra para arrasar, com muitos taninos (mas mesmo muitos), mas finos, muito finos, poderoso mas ao mesmo tempo, elegante.

Encorpado, é um vinho que não engana sabe ao que cheira, e então lá aparecem as amoras ,as ameixas e as framboesas ,mas mais doces em compota de fruta. Parece ainda um vinho novo (que pena não tenho mais garrafas para ver a sua evolução), com notas de lagar e fruta ainda nova.

Marcou-me quando o bebi pela primeira vez, e um ano depois, continua em grande forma e em minha opinião ainda vai ser melhor no futuro.

Um vinho que tem passado ao lado do Marketing das revistas, que merece o estrelato, mas continua um pouco esquecido…por um lado ainda bem…

Eu, nunca o irei esquecer…

No contra-rótulo, Pode-se ler a seguinte inscrição:

"Um vinho que é uma força da natureza e que presta homenagem a todos os "Cavalos Malucos", apaixonados e desassombrados que pensam pela sua cabeça e trilham o seu caminho com paixão pela diferença".

Acho que nós , Puros e Vinhos ,somos um pouco assim…

Paulo Sousa

5/4/2009

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